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quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Profética "Fico Assim Sem Você" - Claudinho e Buchecha

Ano de 2000, o compositor Abdullah passeia com a sua esposa e - em um momento de brincadeira - começa a criar declarações para a amada de maneira divertida. Entre elas "Você é a manteiga do meu pão" ou " Eu sem você sou que nem carro sem gasolina". No dia seguinte, inspirado pelo agradável momento romântico, compôs com o amigo Cacá Moraes a música "Fico Assim Sem Você", na qual prestou uma homenagem aos funkeiros Claudinho e Buchecha, qualificando a dupla como tão inseparável quanto "neném sem chupeta", "namoro sem beijinho" ou até mesmo "Romeu sem Julieta".
Ao concluir a divertida composição, Abdullah ligou para o amigo Buchecha para mostrar a novidade, este que por sua vez, obviamente, amou.
Essa novidade foi lançada dois anos depois, no CD "Vamos Dançar", o sexto e último disco da vitoriosa carreira da dupla, e estourou nas paradas de sucesso no mesmo ano em que o profético verso se realizou: "Buchecha sem Claudinho, sou eu assim sem você".
Claudio Rodrigues de Mattos, o Claudinho, faleceu em 13 de julho de 2002, vítima de um acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, deixando esposa e filha. A comoção nacional pela perda da carismática figura que participou ativamente da emancipação e emergência do funk tornou a música mais famosa e tocada sem cessar por bastante tempo. Fãs, artistas e jornalistas manifestaram lamento pela perda do rapaz jovem, bem intencionado e talentoso.
Em 2004, Adriana Calcanhotto regravou a música "Fico Assim Sem Você" no CD "Adriana Partimpim", que propunha trazer uma nova cara às músicas escutadas pelas crianças, usou recursos lúdicos e multi-instrumentistas, na linha de "qualquer coisa que se possa fazer barulho" e agradou muitíssimo à crítica e ao público - e não só o mirim. A música reemergiu e se imortalizou para mais uma geração. E, dessa vez, com uma nova voz, arranjo e - para os mais preconceituosos - acompanhado pelo nome de uma cantora de mais alto nível social que a dupla funkeira do Rio de Janeiro.
Há quem se emocione - eu, por exemplo - até hoje com o correr das linhas dos versos da poética, porém descompromissada letra.


Vídeo "Fico Assim Sem Você" - Claudinho e Buchecha
http://www.youtube.com/watch?v=j71hYh4Iw-k

Vídeo "Fico Assim Sem Você" - Adriana Partimpim
http://www.youtube.com/watch?v=7dZUvRwrCCg












Cantor e compositor Abdullah


















Dupla de funkeiros cariocas Claudinho e Buchecha





















Último CD da dupla, "Vamos Dançar"




















Adriana Partimpim



Fico Assim Sem Você

Claudinho e Buchecha

Composição: Abdullah / Caca Moraes

Avião sem asa,
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...

Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho,
Sou eu assim, sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem amasso,
Sou eu assim, sem você...

Tô louco prá te ver chegar
Tô louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo

Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada,
Queijo sem goiabada,
Sou eu assim, sem você...

Você...

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas prá poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê? (4x)

terça-feira, 9 de março de 2010

MÚSICA


Concerto (1485-95), quadro a óleo de Lorenzo Costa (m. 1535)



A música (do grego μουσική τέχνη - musiké téchne, a arte das musas) é uma forma de arte que constitui-se basicamente em combinar sons e silêncio seguindo ou não uma pré-organização ao longo do tempo.


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segunda-feira, 1 de março de 2010

A fascinante "O Bêbado e a Equilibrista" de João Bosco e Aldir Blanc

"O Bêbado e a Equilibrista" é uma das mais famosas músicas que berraram nos ouvidos da covarde ditadura - mesmo "covarde ditadura" sendo redundante, vale destacar - militar que assolou - e assombrou - o Brasil de 1964 a 1985. A música foi composta por Aldir Blanc e João Bosco e lançada no LP "Linha de Passe", em 1979 e gravada por Elis Regina, voz que deu forma à música e ficou conhecidíssima.
Como a doce adjetivação da esperança - equilibrista - existem muitas possibilidades para as geniais - e geniosas - metáforas de Aldir Blanc. Como a de que as "estrelas" seriam generais e "céu", a prisão. *
Betinho, sociólogo, ativista pelos direitos humanos, perseguido e exilado na época do regime militar, era irmão do, também genial, Henrique de Souza, o cartunista Henfil, este que foi apresentado ao compositor Aldir Blanc por sua amiga, a cantora Elis Regina, no verão de 1975, iniciando assim uma boa amizade.
Henfil costumava encher os ouvidos do amigo de suas memórias do "mano" Betinho, exilado desde 1971.
Sensibilizado com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs uma linda melodia em sua homenagem e chamou Aldir para mostrá-la. Aldir letrou a música e fez uma singela homenagem ao rimar "Brasil" com "irmão do Henfil", esta rima, que por sua vez teve papel de emoção, mobilizição, transformação e incentivo a uma nação reprimida. Aldir afirmou que se dissesse "Betinho", ninguém reconheceria, a referência ao irmão Henfil era mais forte, ele já tinha fama na época, enquanto a imagem pública de Betinho veio a se formar com força já pelos anos noventa, principalmente após a criação da "Ação da Cidadania".
Herbert de Souza, o Betinho, ouviu pela primeira vez a canção, na doce voz de Elis, exilado no México. Seu irmão o telefonou e pôs, sem nada avisar, para que ouvisse. Ao enviar a fita cassete, Henfil escreveu um recado: "Mano velho, prepare-se! Agora nós temos um hino e quem tem um hino faz uma revolução!". Dito e feito!
A campanha pela anistia irrestrita foi a primeira movimentação nacional que obteve sucesso desde o início da sangrenta ditadura militar no Brasil. Vários manifestos ocorreram no mundo inteiro, inclusive a Conferência Internacional da Mulher, no México, que fez de 1975 o Ano Internacional pela Anistia.
Em 1979, Betinho desembarcou no Aeroporto de Congonhas e se deparou com uma manifestação: Cerca de duzentas pessoas cantavam "O Bêbado e a Equilibrista".



* Análise Política de termos da música "O Bêbado e a Equilibrista", segundo o sítio www.ponto.altervista.org/musica/entrelinhas/bebado.pt.html

O Bêbado e a Equilibrista no Youtube (Elis Regina) - http://www.youtube.com/watch?v=mcYCP1nEdUA

O Bêbado e a Equilibrista no Youtube (João Bosco) - Introdução: Smile (Charlie Chaplin) - http://www.youtube.com/watch?v=gSKAPQ9g8iI

A volta dos exilados, em versão da minissérie "Queridos Amigos" - http://www.youtube.com/watch?v=_lt3YU8iEBg

Para conhecer mais: Betinho - http://www.ibase.org.br/modules.php?name=Conteudo&pid=40

Conheça a Ação da Cidadania - http://www.acaodacidadania.com.br/

Lista cruel do Livro Negro da Ditadura - http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_cassados,_exilados,_presos,_torturados_ou_mortos_pelo_Regime_Militar_de_1964
























Herbert de Souza - O mobilizador social



















Aldir Blanc - O letrista






















João Bosco - Homenagem a Chaplin homenageou o Brasil
























Chaplin - morto em dezembro de 1977






















Henfil - O falante



















Elis Regina - A notável voz que emocionou toda uma nação























Vladmir Herzog - Jornalista torturado e ASSASSINADO por torturadores que teve o suicído - muito mal - forjado. Um dos símbolos da ditadura.


O Bêbado e A Equilibrista

Elis Regina

Composição: João Bosco e Aldir blanc

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...

A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!...

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...

Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A curiosa "Shimbalaiê" - Maria Gadú


Shimbalaiê, da notável cantora paulista Maria Gadú, chegou recentemente ao cenário da música nacional, mas já se consagrou como uma das curiosidades da MPB - e polêmicas também.
Curiosa por ter sido composta pela menina que, na época, não passava de seus dez anos e polêmica por ter conseguido, em menos de um ano de vinculação na mídia, uma "bíblia" de significados atribuídos ao misterioso nome. Alguns fanáticos religiosos a acusam de envolvimento em religiões possivelmente obscuras - o que, na minha opinião, dá um toque de comédia às análises, alguns neologistas - assumidos ou não - colocam em listas seus significados, algumas vezes sábios, proféticos ou baseados em antigos provérbios, enquanto linguistas afirmam não conhecer o termo, nem significado algum que possa defini-lo.

A própria cantora, quando questionada, afirma não conhecer o significado da expressão, e contrapõe docemente: "Criança gosta de inventar palavra mesmo". A canção nasceu em uma viagem à Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e só tinha como função descrever o local em um momento ocioso.
"Gadú" - como é chamada por muitos fãs - foi obrigada a gravá-la pela mãe com treze anos. Ela brinca: "O sonho dourado da minha mãe era que eu gravasse essa música".
Anos depois, na época da produção do seu primeiro disco "Maria Gadú", foi novamente obrigada a gravá-la, desta vez por seu produtor, Rodrigo Vidal.
Atualmente, a prodigiosa música é single da novela do horário nobre da Rede Globo de Televisão, "Viver a Vida", de Manoel Carlos e mais: é single nacional.
Na minha humilde opinião, um transformador da letra que a torna mais especial, quase genial é o seguinte trecho:

"Ser capitã desse mundo/ Poder rodar sem fronteiras/ Viver um ano em segundos/ Não achar sonhos besteira/ Me encantar com um livro/ Que fale sobre vaidade/ Quando mentir for preciso/ Poder falar a verdade"

Palavras que se tornam muito mais doces ao notarmos que foram externadas por uma criança.

Shimbalaiê - www.youtube.com/watch?v=Ph-pLZEVWGs

Myspace Maria Gadú - www.myspace.com/mariagadu


Capa do CD "Maria Gadú"

A otimista "Smile" - Charlie Chaplin/John Turner/Geoffrey Parsons * Sorri - Braguinha


Smile, lendária canção que teve a sua melodia composta por Charlie Chaplin em 1936 para o histórico filme "Moderns Times" (Tempos Modernos) e letrada em 1954 por John Turner e Geoffrey Parsons, enviou uma mensagem de otimismo para o mundo naquele ano.

A versão mais famosa gravação é a do, também mítico, Michael Jackson. Que pode ser ouvida através do endereço: http://www.youtube.com/watch?v=nCpD72b-dfs

Desta música, nasceram duas versões: em Português e Esperanto*.
A versão brasileira foi apresentada pelo compositor João de Barro, também conhecido como Braguinha, em 1955, intitulada "Sorri" e imortalizada na voz do também compositor e cantor Djavan, que pode ser ouvida no seguinte endereço: www.youtube.com/watch?v=NUGRBYVzYG8


* Para saber um pouco sobre o Esperanto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Esperanto






A estátua de Braguinha, localizada na saída do Túnel Novo, deseja as boas vindas a quem chega à Copacabana de braços abertos.




























Pôster do aclamadíssimo filme "Modern Times", de 1936. O filme é utilizado até hoje como material alternativo para os estudos sobre a Revolução Industrial nas escolas.