
"O Bêbado e a Equilibrista" é uma das mais famosas músicas que berraram nos ouvidos da covarde ditadura - mesmo "covarde ditadura" sendo redundante, vale destacar - militar que assolou - e assombrou - o Brasil de 1964 a 1985. A música foi composta por Aldir Blanc e João Bosco e lançada no LP "Linha de Passe", em 1979 e gravada por Elis Regina, voz que deu forma à música e ficou conhecidíssima.
Como a doce adjetivação da esperança - equilibrista - existem muitas possibilidades para as geniais - e geniosas - metáforas de Aldir Blanc. Como a de que as "estrelas" seriam generais e "céu", a prisão. *
Betinho, sociólogo, ativista pelos direitos humanos, perseguido e exilado na época do regime militar, era irmão do, também genial, Henrique de Souza, o cartunista Henfil, este que foi apresentado ao compositor Aldir Blanc por sua amiga, a cantora Elis Regina, no verão de 1975, iniciando assim uma boa amizade.
Henfil costumava encher os ouvidos do amigo de suas memórias do "mano" Betinho, exilado desde 1971.
Sensibilizado com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs uma linda melodia em sua homenagem e chamou Aldir para mostrá-la. Aldir letrou a música e fez uma singela homenagem ao rimar "Brasil" com "irmão do Henfil", esta rima, que por sua vez teve papel de emoção, mobilizição, transformação e incentivo a uma nação reprimida. Aldir afirmou que se dissesse "Betinho", ninguém reconheceria, a referência ao irmão Henfil era mais forte, ele já tinha fama na época, enquanto a imagem pública de Betinho veio a se formar com força já pelos anos noventa, principalmente após a criação da "Ação da Cidadania".
Herbert de Souza, o Betinho, ouviu pela primeira vez a canção, na doce voz de Elis, exilado no México. Seu irmão o telefonou e pôs, sem nada avisar, para que ouvisse. Ao enviar a fita cassete, Henfil escreveu um recado

: "Mano velho, prepare-se! Agora nós temos um hino e quem tem um hino faz uma revolução!". Dito e feito!
A campanha pela anistia irrestrita foi a primeira movimentação nacional que obteve sucesso desde o início da sangrenta ditadura militar no Brasil. Vários manifestos ocorreram no mundo inteiro, inclusive a Conferência Internacional da Mulher, no México, que fez de 1975 o Ano Internacional pela Anistia.
Em 1979, Betinho desembarcou no Aeroporto de Congonhas e se deparou com uma manifestação: Cerca de duzentas pessoas cantavam "O Bêbado e a Equilibrista".
* Análise Política de termos da música "O Bêbado e a Equilibrista", segundo o sítio
www.ponto.altervista.org/musica/entrelinhas/bebado.pt.htmlO Bêbado e a Equilibrista no Youtube (Elis Regina) -
http://www.youtube.com/watch?v=mcYCP1nEdUAO Bêbado e a Equilibrista no Youtube (João Bosco) - Introdução: Smile (Charlie Chaplin) -
http://www.youtube.com/watch?v=gSKAPQ9g8iIA volta dos exilados, em versão da minissérie "Queridos Amigos" -
http://www.youtube.com/watch?v=_lt3YU8iEBgPara conhecer mais: Betinho -
http://www.ibase.org.br/modules.php?name=Conteudo&pid=40Conheça a Ação da Cidadania -
http://www.acaodacidadania.com.br/Lista cruel do Livro Negro da Ditadura -
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_cassados,_exilados,_presos,_torturados_ou_mortos_pelo_Regime_Militar_de_1964
Herbert de Souza - O mobilizador social

Aldir Blanc - O letrista

João Bosco - Homenagem a Chaplin homenageou o Brasil

Chaplin - morto em dezembro de 1977

Henfil - O falante

Elis Regina - A notável voz que emocionou toda uma nação

Vladmir Herzog - Jornalista torturado e ASSASSINADO por torturadores que teve o suicído - muito mal - forjado. Um dos símbolos da ditadura.
O Bêbado e A Equilibrista
Composição: João Bosco e Aldir blanc Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!...
Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...
Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...