
Como a doce adjetivação da esperança - equilibrista - existem muitas possibilidades para as geniais - e geniosas - metáforas de Aldir Blanc. Como a de que as "estrelas" seriam generais e "céu", a prisão. *
Betinho, sociólogo, ativista pelos direitos humanos, perseguido e exilado na época do regime militar, era irmão do, também genial, Henrique de Souza, o cartunista Henfil, este que foi apresentado ao compositor Aldir Blanc por sua amiga, a cantora Elis Regina, no verão de 1975, iniciando assim uma boa amizade.
Henfil costumava encher os ouvidos do amigo de suas memórias do "mano" Betinho, exilado desde 1971.
Sensibilizado com o falecimento de Charlie Chaplin, João Bosco compôs uma linda melodia em sua homenagem e chamou Aldir para mostrá-la. Aldir letrou a música e fez uma singela homenagem ao rimar "Brasil" com "irmão do Henfil", esta rima, que por sua vez teve papel de emoção, mobilizição, transformação e incentivo a uma nação reprimida. Aldir afirmou que se dissesse "Betinho", ninguém reconheceria, a referência ao irmão Henfil era mais forte, ele já tinha fama na época, enquanto a imagem pública de Betinho veio a se formar com força já pelos anos noventa, principalmente após a criação da "Ação da Cidadania".
Herbert de Souza, o Betinho, ouviu pela primeira vez a canção, na doce voz de Elis, exilado no México. Seu irmão o telefonou e pôs, sem nada avisar, para que ouvisse. Ao enviar a fita cassete, Henfil escreveu um recado

A campanha pela anistia irrestrita foi a primeira movimentação nacional que obteve sucesso desde o início da sangrenta ditadura militar no Brasil. Vários manifestos ocorreram no mundo inteiro, inclusive a Conferência Internacional da Mulher, no México, que fez de 1975 o Ano Internacional pela Anistia.
Em 1979, Betinho desembarcou no Aeroporto de Congonhas e se deparou com uma manifestação: Cerca de duzentas pessoas cantavam "O Bêbado e a Equilibrista".
* Análise Política de termos da música "O Bêbado e a Equilibrista", segundo o sítio www.ponto.altervista.org/musica/entrelinhas/bebado.pt.html
O Bêbado e a Equilibrista no Youtube (Elis Regina) - http://www.youtube.com/watch?v=mcYCP1nEdUA
O Bêbado e a Equilibrista no Youtube (João Bosco) - Introdução: Smile (Charlie Chaplin) - http://www.youtube.com/watch?v=gSKAPQ9g8iI
A volta dos exilados, em versão da minissérie "Queridos Amigos" - http://www.youtube.com/watch?v=_lt3YU8iEBg
Para conhecer mais: Betinho - http://www.ibase.org.br/modules.php?name=Conteudo&pid=40
Conheça a Ação da Cidadania - http://www.acaodacidadania.com.br/
Lista cruel do Livro Negro da Ditadura - http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_cassados,_exilados,_presos,_torturados_ou_mortos_pelo_Regime_Militar_de_1964

Herbert de Souza - O mobilizador social

Aldir Blanc - O letrista

João Bosco - Homenagem a Chaplin homenageou o Brasil

Chaplin - morto em dezembro de 1977

Henfil - O falante

Elis Regina - A notável voz que emocionou toda uma nação

Vladmir Herzog - Jornalista torturado e ASSASSINADO por torturadores que teve o suicído - muito mal - forjado. Um dos símbolos da ditadura.
O Bêbado e A Equilibrista
Elis Regina
Composição: João Bosco e Aldir blancCaía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...
A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!...
Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...
Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...
Singelamente esplêndido!!! Tudo com links!!
ResponderExcluirA amo demasiadamente, Milhões de beijos!
Gostei muito do post, é bastante esclarecedor. Gostei também da idéia do blog... É ótima!
ResponderExcluirVejo que já tem um tempinho que tu postou pela última vez, não pare não... continue. Vamos discutir mais sobre música e aumentar nossa cultura através da troca de experiências.
Espero ansiosa o próximo post.
http://hera-musica.blogspot.com/
Bom demais!!!
ResponderExcluirHistória e arte por toda parte!!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirÉ notável a riqueza em sua postagem muito bem ilustrada(fotografias dos Personagens nacionais). E mensagem explicita, parabéns .
ResponderExcluirSou declaradamente amante dessa bela obra “o bêbado e a equilibrista”
Uma boa tarde!
Hoje em dia, não temos músicas com igual importancia como esta, realmente é inigualável.
ResponderExcluirJutai Júnior SSA.
Unica coisa boa da ditadura são essas lindas musicas!!!
ResponderExcluirCara...este blog é sensacional. Você consolidou algo que sempre quiz criar. Muito bom!
ResponderExcluirAté!
Ao ver essa historia fico bastante emocionado!
ResponderExcluirgostaria muito que a consciência dos antigos repitir-se na atualidade, e que desse um basta nessa pouca vergonha que é nosso governo opressor que enquanto esta executando obras de bilhões para um eventos temporários, "fecha os olhos" para aqueles oprimidos que vivem de migalhas e muitas vezes não nem o alimento necessário para sobrevivência.
Vim aqui depois de ler o texto de Eloi Alves no Real com arte.
ResponderExcluirOs dois textos se completam. Fico feliz de ver que existe ainda mentes brilhantes espalhada pelo Brasil!
Se alguém se interessar: http://realcomarte.blogspot.com.br/2012/09/a-esperanca-equilibrista-analise-da.html?spref=fb
Cheguei até aqui , devido a pesquisa para um trabalho de estilistica, e me impressionou a delicadeza do blog e do seu texto. Parabéns
ResponderExcluirSempre tive a mesma curiosidade que o levou a criar esse maravilhoso blog. Pena te-lo conhecido ja quando nao mais o atualiza. Desejo q sua ânsia de descobrir nunca cesse. Grande abraço!
ResponderExcluirSalvei como : O bêbado eo equilibrista,com Elis Regina e na plateia Chico Buarque era em 1964, não encontro.
ResponderExcluirGosto muito desta música, criei uma PÁGINA sobre ela no FACEBOOK e citei a postagem lá, parabéns ao blog pelo conteúdo de excelente qualidade!
ResponderExcluirhttps://www.facebook.com/pages/O-Bêbado-e-a-Equilibrista/651968858224587
musica muito boa pois vem com uma critica disfaçada ao duro regime milita
ResponderExcluirmusica excelente
ResponderExcluirParabens!
ResponderExcluirMaravilhoso.....
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA música é belíssima, a letra também, mas em rápida resposta ao autor do sítio, as ações do governo no período militar foram sangrentas en resposta às ações comunistas de esquerda da época, muito mais sangrentas.
ResponderExcluirO período militar no Brasil assegurou que hoje não tivéssemos um país comunista, sem liberdade, sem nada.
Não tem como não se emocionar. Hoje, permanecemos refém da elite suja brasileira. Vamos lutar! Já temos muitos hinos revolucionários na MPB! Quem tem um hino faz uma revolução...
ResponderExcluirParabéns!!
ResponderExcluirParabéns pela bela iniciativa. Página rica, precisa e fundamental nos dias de hoje.
ResponderExcluirAlgumas músicas nos marcam tanto e nem sempre sabemos explicar, com essa esclarecedora história da sua composição, agora entendo melhor como ela me marcou. Parabéns!
ResponderExcluirAmei este post, 'gosto muito da Elis, mas não sabia da história desta música. Resolvi procurar informações apos assistir o Seriado que está no ar. Agora amo mais ainda, tanto ela como todos os compositores que ela interpretou e mostrou ao mundo a verdade sobre a ditadura. Compositores importantíssimos e inteligentissimos. Pena que não temos agora estes Cérebros. Parabéns!!!
ResponderExcluirMeu nome: Marisa Carneiro.
ResponderExcluirParabéns pela visão, tu sentes que essa época está voltando com uma boa adesão da população, serão anos dificeis, espero que não se tornem "anos de chumbo" novamente e não tenhamos famílias destruídas por ideologias extremistas. Tenhamos esperança
ResponderExcluirComo foi dito, a ideologia que prendia, torturava, exilava e matava naquela época voltou com força, com ampla adesão popular. O Bêbado e a Equilibrista nunca foi tão atual.
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